domingo, 23 de novembro de 2014

Selvagem

                                 

           De corpo sedutor com um olhar de caça. Com esta visão que encaro os mais profundos desejos carnais. De pele branca e rosada, com finos lábios sem cor. Assim mergulho. De pescoço alongado e língua afiada, sacio o meu pudor.
           Meio a multidão nossos olhos se encontraram. O espaço se tornou selva, a multidão virou mato, e os nossos desejos, a relva que faria o nosso chão. Não sei quem neste momento será caça ou caçador, só tenho a certeza de que hoje terá banquete para um de nós.
           A fogueira aumenta a cada instante. A cada sinal, uma lenha se acrescenta. Cada passo se torna tão próximo a algo não certo, que não há uma cascavel para sinalizar se há ou não perigo. No momento o que se está valendo é o instinto, e o que está em jogo é o prazer.
           Corremos entre as sombras, desaparecemos ao piscar de olhos. Estratégias são formadas e reformuladas. Caminhos se cruzam. Olhos se encontram. Mãos se encostam. A fome é grande e o meu rugido maior. Vassalagem!

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