Hoje me vejo caminhar sozinho, e
do outro lado da rua você passa com o remorso e a culpa como teus amigos. E a
vida é assim, um dia somos a caça e no outro caçados.
Sei que habito no teu silêncio.
Habito naquele momento em que tenha que ficar sozinho, que bom que não estou
só, pois na tua cabeça teus problemas e essas merdas que você chama de soluções
me fazem companhia.
Teu rosto e corpo aparentam um
peso que o seu corpo não apresenta. Sua respiração é agonizante, sinto a que as
palavras com dúvidas tentam sair, mas você insiste em prendê-las e só deixar o afago.
Sei que estou vivendo em teu tempo de ócio, vivo em constantes interrogações de
‘por quês’ em tua mente. As palavras só não saem junto com a tua pesada
respiração por culpa, a culpa que você carrega. No final das contas sabemos de
quem ela realmente é, o que já não é novidade para quem tem o próprio nariz
como ponto norte.
Sua culpa me transformou, a sua
culpa me mudou, a sua culpa está me fazendo crescer a uma altura que tenho
vontade de me jogar. Em conclusão, vejo me jogando de uma altura que me leve ao
fim, ao fim da tua culpa, ao fim da minha vida.