segunda-feira, 23 de junho de 2014

Imagem distorcida: toda ação gera reação


            Daí você se vê debaixo de um chuveiro observando as águas lavarem o teu corpo e, escorrendo toda sujeira pelo ralo. A água lava tudo, só não lava a sujeira da alma. Você passa o teu perfume favorito, e se deita. Naquele momento se pega a olhar para o teto e pensar o que você fez na vida, e o que a vida fez em você.
            Em momentos como este o tudo e o nada são encaradas de forma paralela, e você ali meio a uma linha tênue, o vaco. Aquele momento em que não se sente o corpo, os dedos, os olhos. Só se vê a imensa escuridão do quarto com a sensação de flutuar deitado no espaço.
            O espelho não reflete mais você. A imagem que se vê é desconhecida. Não aquela moldada e planejada na tão sonhada fantasia de criança. Vejo uma imagem de lápide, uma imagem de desmoronamento e renovações. Somos seres de uma natureza artística, como jus, somos uma arte lapidada pelo tempo.
            A visão cansa, o corpo cansa, a imagem cansa. E flutuando nesse espaço negro ainda tenho esperança de que irei encontrar a luz, e me banhar da fonte que possa lavar minha alma. As águas do perdão, águas da desculpa, as águas da compaixão que possam nos dar a chance de ser novos. No fundo só o que queremos é um recomeço. Uma nova chance.

domingo, 15 de junho de 2014

Desistindo de você


        Como tempo você vai percebendo que não foi suficiente o tempo que se doou. Que há situações e momentos em que o peso já não é mais suportado. E há apenas uma vontade, bater a porta e fechar a luz. Estou com a sensação de que tenho que deixar a cena, sem esperar pelo blackout, sem se despedir da platéia. Minhas necessidades de fuga são mais urgentes, preciso deixar você. Então, considere que essa seja uma carta de desistência. Sim, desistência!
          Cansei de esperar pelo tempo que não chega, pelo meu favoritismo, pela sua mudança. Creio que a espera da sua mudança seja o real motivo de todo esse cansado texto. Estou te pondo em uma caixa velha que ao certo, tenho minhas dúvidas se irei guardar ou não. Taí outra coisa que estou cansado, de guardar velharias que venham de você.
         Queria te dizer que estou levando na mala apenas o que são meus, e confesso que sem você as coisas ficam mais leves. Vou seguir o meu caminho adiante. As coisas que deixei prefiro que sejam jogadas no fogo, queime as suas mentiras, sua falsa amizade, suas desconfianças e me jogue junto. Talvez essa história não seja essa total frieza, com o tempo fui vendo que apenas não tive motivos para ficar. A cada dia me distancio mais.
          To desistindo daquelas lembranças que talvez você nem se lembre, mas me bastava. Tô desistindo de quem eu amo, cuido, consolo e de quem que me fez ver que a cada dia nossos caminhos estão diferentes. Estou desistindo quando não queria mais desistir.
          Diz alguma coisa enquanto eu fico calado. Diz alguma coisa enquanto eu desisto de tudo, diz que eu não preciso desistir de nóis. Diz e me impede! Enquanto você não diz nada, eu vou desistindo e indo embora.