sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Auribus Teneo Lupum

   

     Auribus teneo lupum! Eis me aqui meio a uma encruzilhada de três ruas, aparentemente gêmeas, mas cada uma com destino e de sortes diferentes. Ainda prefiro ficar sentado nessa pedra olhando para aquelas ruas, é a única coisa na qual penso no momento. O fato é que preciso seguir mas, não estou tendo motivos para querer sair de onde estou.
     Não é comodismo quando falo que estou sentado esperando um inside da vida. Simplesmente não adianta seguir porque, independente do caminho que escolher, a sua sorte será definida mediante o quão você consegue deixar partes de ti pra trás. Não tenho coragem de abrir mão de muitas coisas.
     Caso eu decida caminhar, em uma mão levarei um terço, noutra, um lobo. E na mente um amor incasto. A caminhada será longa. Com dois amigos nas mãos e uma fé no peito, enfrento tudo e todos neste sertão de olhos acovardados da vida,
      Quando a noite chegar com o lobo uivarei. Quando a lágrima escorrer, com o terço orarei. E, com a fé que tenho no peito, faço de força para as pernas. Esta minha caminhada será uma caminhada de fé, e por assim dispensa raciocínio. E na madrugada uivarei, farei da lua a nossa platéia. Confesso que levando um lobo pelas orelhas, não me preocupa tanto. Me preocupo com o amor que levo no pensamento. Serão tempos de discussões e reflexões, afinal, precisamos deixar algumas partes para trás. E você é uma parte do qual quero como prêmio no fim do caminho.


    A expressão “auribus teneo lupum” era usada quando a situação era insustentável, e particularmente quando fazer nada ou fazer alguma coisa para resolver um problema era igualmente arriscado. Bizarro, né? Ao pé da letra, “auribus teneo lupum” significa “segurando um lobo pelas orelhas”.