segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mundo Solidão (parte 2) - A boemia de um amante.

Nesse mundo eloqüente, caminhei por tantos lugares que me deparei numa vila escura de muita neblina, de calçamento como as modestas, singelas e tradicionais ruas da Lapa (Rj).
Olhando aquelas belas ruas, lembrei-me de um amor passado o qual muito me marcou. E quanto mais andava mais lembranças vinham em minha mente, lembranças tão pesadas que faziam cair lágrimas.
Mais a frente vi uma linda rosa vermelha, deparei-me a olhar. Com o olhar fixo, imaginei tantas coisa que poderiam ter acontecido, que a vida poderia ser muito melhor se ainda o amor estivesse ao meu lado.
Diante da rosa, ajoelhei e lhe fiz tantas perguntas e por quês.
Sentei-me na fria calçada naquela linda madrugada, e começei a rir. "Queixo-me às rosas, mas que bobagem, as rosas não falam. Simplesmente as rosas exalam."
Foi quando me deparei com um homem de terno branco, creio eu que seria um típico boêmio. Veio até mim e ficou de pé em minha frente, e eu lhe indaguei:

Eu - Boa noite.
Malandro - Boa noite... Pq choras?
Eu - Por coisas que já vivi.
Malandro - É malandro, quem já viveu tem histórias para contar. E qual é a tua?
Eu - É que cansei de viver de sonhos, vou decidir não sonhar mais. PAREI
Malandro - Malandro não para, malandro dá um tempo.
Eu - Então não vou parar, vou dar um tempo, certo? (com a cabeça baixa, e de tom de voz cabisbaixo)
Malandro - Nem de sonhos e riquezas de vive o homem.
Eu - Os sonhos são ruins, eles nos trazem ilusões.
Malandro - " Malandro pra ser malandro, tem que ter sua carteira. Tem que ser puxador de samba e dançador de gafieira." (e ele cantava com um tom animador, e com seu cigarro e sua garrafa de baixo do braço.)
Eu - Não entendi o cântico...
Malandro - Malandro raciocina comigo. Carteira você ja tem, que é a sua identidade. Agora "mermão" puxa e vida e dança conforme a música. E leve a vida, antes que ela lhe leve "gandango".

E com isso ouve-se um uma melodia que emanava de um cavaco, que foi tomando força até se ouvir um samba. Nisso levantei a cabeça e vi aquele moço de branco com garrafa na mão se indo.
Foi quando me levantei e perguntei o seu nome aos gritos, pois parecia ser uma pessoa muito bem vivida e de bem com a vida. E ele me respondeu cantando ao som da batucada.

Malandro - "Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim....

E ele desapareceu em plena neblina a olho nu. Aquilo me subiu um arrepio tão grande que levantei-me a presas para sair daquela madrugada fria.
Na correria, deparei-me com pessoas e carros, a qual não se passava naquele momento tão esclarecedor e macabro.

Obs: Esse texto foi uma homenagem a uma grande entidade do culto afro, e baseado na música de Cartola - As Rosas Não Falam.