quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ainda guardo a chave

 
 
    Ainda tenho a chave, mesmo assim, insisto em tocar a campainha. Esse meu jeito estranho me ajuda a aceitar que não sou mais o mesmo dentro de você. Abrir a porta e sentir a tua presença pela casa ainda me faz sentir especial.
     No quarto sinto prazer ao olhar a cama desarrumada, a meia no chão. Chorei sentindo o teu cheiro na cama e olhando o teto. Ah o teto... Me desculpe mas tomei um banho no que foi o nosso banheiro. E debaixo d'água eu me banhei e chorei.
      Andar pelado pela casa traz uma sensação de liberdade, pois lembrar você me faz pensar besteira. E sobre a mesa da cozinha e bom deitar e acender um cigarro, e olhar para o teto. Ah o teto...
      Quando você chegar não gostaria de lhe encontrar. Sei lá, seus olhos contam o que a boca não fala, e juntos choramos.
       No quarto, passo o teu perfume e ponho o teu blusão. Na sala eu deito no tapete e olho pro teto. Ah o teto! Acho que não haverá outro lugar que conte a nossa historia como esta casa, mas garanto que o teto dela tem mais coisas a dizer nesse esmo de palavras ao vento. Enxugo minhas lagrimas e digo: "Então, é isso. A vida segue."
         Me desculpe pela invasão, mas gostaria de dizer que ainda tenho a chave de casa. E sempre que lembro de você eu entro, mas antes eu toco a campainha. Isso me ajuda a aceitar que não sou mais o mesmo dentro de você.

1 comentários:

Unknown disse...

Nossa! Que lindo!