segunda-feira, 23 de junho de 2014

Imagem distorcida: toda ação gera reação


            Daí você se vê debaixo de um chuveiro observando as águas lavarem o teu corpo e, escorrendo toda sujeira pelo ralo. A água lava tudo, só não lava a sujeira da alma. Você passa o teu perfume favorito, e se deita. Naquele momento se pega a olhar para o teto e pensar o que você fez na vida, e o que a vida fez em você.
            Em momentos como este o tudo e o nada são encaradas de forma paralela, e você ali meio a uma linha tênue, o vaco. Aquele momento em que não se sente o corpo, os dedos, os olhos. Só se vê a imensa escuridão do quarto com a sensação de flutuar deitado no espaço.
            O espelho não reflete mais você. A imagem que se vê é desconhecida. Não aquela moldada e planejada na tão sonhada fantasia de criança. Vejo uma imagem de lápide, uma imagem de desmoronamento e renovações. Somos seres de uma natureza artística, como jus, somos uma arte lapidada pelo tempo.
            A visão cansa, o corpo cansa, a imagem cansa. E flutuando nesse espaço negro ainda tenho esperança de que irei encontrar a luz, e me banhar da fonte que possa lavar minha alma. As águas do perdão, águas da desculpa, as águas da compaixão que possam nos dar a chance de ser novos. No fundo só o que queremos é um recomeço. Uma nova chance.